sábado, 6 de agosto de 2011

O manual do guerreiro da luz (Paulo Coelho)

Um guerreiro da luz está sempre vigilante.
Não pede permissão aos outros para segurar sua espada; simplesmente a toma nas mãos. Tampouco perde tempo explicando seus gestos; fiel às determinações de Deus, ele responde pelo que faz.
Olha para os lados, e identifica seus amigos. Olha para trás e identifica seus adversários. É implacável com a traição, mas não se vinga; apenas afasta os inimigos de sua vida, sem lutar com eles além do tempo necessário.
Um guerreiro não tenta parecer; ele é.


Um guerreiro é simples como as pombas, e prudente como as serpentes. Quando se reúne para conversar, não julga o comportamento dos outros.
Ele sabe que as trevas utilizam uma rede invisível para espalhar seu mal. Esta rede pega qualquer informação solta no ar, e a transforma na intriga e a inveja que parasitam na alma humana.
Assim, tudo que é dito a respeito de alguém, sempre termina chegando aos ouvidos dos inimigos desta pessoa, acrescida da carga tenebrosa de veneno e maldade.
Por isso o guerreiro, quando fala das atitudes de seu irmão, imagina que ele está presente, escutando o que diz.


O adversário é sábio.
Sempre que pode, ele lança mão de sua arma mais fácil e mais efetiva: a intriga. Quando a utiliza, não precisa fazer muito esforço - porque outros estão trabalhando para ele. Com palavras mal dirigidas, o são destruídos meses de dedicação, anos em busca de harmonia.
Frequentemente o guerreiro da luz é vítima desta armadilha. Não sabe de onde vem o golpe, e não tem como provar que a intriga é falsa. A intriga não permite o direito de defesa: condena sem julgamento.
Então ele agüenta as consequências e as punições imerecidas - pois a palavra tem poder, e ele sabe disto.
Mas sofre em silêncio, e jamais usa a mesma arma para atacar seu adversário. Um guerreiro da luz não é covarde.

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